O
que
a pala-
vra Natal
quis dizer é
o que continua
a querer dizer: a
celebração dum nas-
cimento. A celebração
porque um nascimento é
uma afirmação de vida, u-
ma afirmação de continuidade
de vida. O nascimento duma cri-
ança deveria ser sempre ocasião pa-
ra alegria, júbilo, confiança. Mas a pa-
lavra Natal-nascimento, que durante ge-
rações simbolizou o renascer da esperança
da salvação, hoje tem cada vez mais uma con-
trapartida excessivamente dramática, pois hoje,
quantas são as crianças cujo nascimento é símbolo
de esperança e quantas são aquelas cujo nascimento
é símbolo de miséria, decadência, abandono? Para que
nascem as crianças hoje? Quem as faz nascer? Porque as
fazem nascer? Para quê as fazem nascer? Para que mundo?
Para que destino? Para que esperança? Para que lutas? Para que
sofrimentos? A misericórdia divina precisa do apoio dos homens.
Sejamos instrutivos para os que fazem nascer as crianças sem sabe-
rem porquê e impiedosos para os que as fazem nascer para o desespe-
ro e para o terror. Se o culto do Natal é o culto da criança salvadora da es-
pécie, da sociedade e do destino dos homens, então que se cuide da criança cui-
dando do mundo para onde ela é tra-
zida, para o mundo onde ela terá de
viver, para que ela possa ser a conti-
nuada afirmação da vida e da espe-
rança. Não se pode celebrar o sím-
bolo e descurar o seu fundamento.
Ana Hatherly
1971
1971
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