quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Seleção de leituras para 2015


Conforme consulta coletiva (e já habitual para qualquer grande decisão), dos membros da Rede Concelhia de Clubes de Leitura, decidimos percorrer a ficção portuguesa de A a Z no próximo ano.

Se o Clube de Silves optou por discutir vários títulos do mesmo autor em cada sessão, o Clube de Leitura da Casa do Povo de Alcantarilha, Pêra e Armação de Pêra decidiu ler livros de qualquer autor dentro da letras designadas para cada mês.

Consulte aqui a lista desses autores, bem como os títulos desses mesmos autores de que a Biblioteca Municipal dispõe.

As obras escolhidas pelos leitores logo na sessão já se encontram disponíveis na receção da Biblioteca. 

Quem não pôde estar presente na sessão basta reservar, através do nosso catálogo online, a obra que pretende ler ou contactar-nos o mais rapidamente possível (indicando-nos sempre duas obras, preferencialmente, uma vez que uma delas pode ter sido requisitada entretanto).



quarta-feira, 26 de novembro de 2014

NATAL À PORTA, POESIA NA MESA… É JÁ DIA 5 DE DEZEMBRO...


Será já no próximo dia 5 de dezembro que a Rede Concelhia de Clubes de Leitura começará a partilhar a sua forma de viver o Natal e que passa, sobretudo, por partilhar o que de melhor temos e desejamos, mas também tornando reais e mais vivas as palavras de Franz Kafka de que “Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós”. 

Parece-nos que poesia rima com Natal, todavia textos de quaisquer outros géneros literários são sempre desejáveis, já que a qualidade literária não tem fronteiras genológicas, nacionais ou etárias.

Assim, das 15h00 às 19h00, faremos leituras nos Lares de Idosos e Restauração da Cidade de Silves, terminando o dia com um jantar de Natal no restaurante To-Do (em cima do Cais Club e perto do Mercado de Silves). O ponto de encontro é às 14h45 à porta da Biblioteca Municipal de Silves.

Este convite é aberto não só a todos os membros da Rede Concelhia de Clubes de Leitura, mas também a familiares e amigos e quaisquer outros leitores ou curiosos. 

Venha viver um Natal em que recebe muito mais do que dá apenas com a sua voz e palavras que nos seguram e mantêm por todo o ano…

Se a imagem abaixo o(a) inspirar, de alguma forma, partilhe connosco …o que lhe apetecer…



terça-feira, 25 de novembro de 2014

Um "cheirinho" da nossa sessão com Carlos Campaniço, Sandro Junqueira e Isabel Garcez...

Caros amigos

Em primeiro lugar, não posso deixar de agradecer, mais uma vez, aos nossos convidados por terem respondido tão pronta e alegremente ao nosso desafio de falarem sobre a obra do outro e à Isabel Garcez (cujo convite fora feito ainda na Feira do Livro de Lisboa e que, apesar de ser a editora da Caminho do Sandro, não resistiu e acabou por partilhar connosco as suas experiências de leitura a partir destes dois escritores) e pela presença e envio dos textos solicitados pelos vários membros para esta última e tão especial sessão da Rede Concelhia de Clubes de Leitura.
Brevemente, serão colocados no blog todos os textos enviados para serem lidos na sessão e que, infelizmente, mas por uma questão de gestão de tempo não puderam ser todos dados a conhecer neste dia.

De facto, foi visível pela expressão dos escritores o agrado e carinho com que acolheram as leituras feitas pelos membros dos Clubes e para nós foi muito saboroso descobrir que Carlos Campaniço é  um contador de histórias (e anedotas) bem descontraído, o Sandro Junqueira um escritor e homem do teatro misterioso até ao último segundo e a Isabel Garcez (editora da Caminho do Sandro) de uma simplicidade e profundidade tocantes com as palavrinhas espontâneas, mas a cair sempre que nem pérolas, formando no seu todo um colar brilhante.

OBRIGADA A TODOS MAIS UMA VEZ PELA DEDICAÇÃO, PARTILHA E SENTIDO DE GRUPO!

Há situações tão extraordinárias que só o silêncio as consegue comunicar plenamente e, por isso, deixo-vos as imagens que têm esse poder enorme de transmitir tanto ou mais que certas palavras…










sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Sessão de preparação da recepção aos escritores Carlos Campaniço e Sandro William Junqueira

O que deve trazer no nosso encontro extraordinário de dia 18 de nov. (3ª.-feira), pelas 19h00, para preparar a sessão de dia 22 de nov. (sábado), pelas 15h00?

Um excerto de cada uma das obras que leu ou o texto que me enviou por mail para ser colocado no blog (e agradeço, desde já e mais uma vez, a estes leitores, cujos textos estão cada vez mais interessantes e se tornam cada vez mais imprescindíveis) para depois podermos treinar uma pequena SURPRESA DA REDE AOS ESCRITORES...

Para quem não pôde estar presente nas últimas sessões e desconhece os escritores em causa, bastará ver os posts anteriores e obterá alguns dados biográficos e artísticos sobre os mesmos.

Para lerem os comentários que alguns membros já fizeram sobre:

-  “Mal Nascer” aceda aqui;



-  e sobre“No Céu Não há Limões” aceda aqui



Os nossos melhores votos de que este seja um fim-de-semana especialmente inspirador na releitura de “Mal Nascer”, de Carlos Campaniço, e de “No céu não há limões”, de Sandro William Junqueira, (re)descobrindo nestas obras Portugal e, garantidamente, muitas figuras que não estão assim tão longe do nosso quotidiano... !

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Próximas sessões (dias 28 e 29 de outubro) sobre "No céu não há limões" de Sandro William Junqueira

Sobre O AUTOR



William Junqueira nasceu em 1974 em Umtali, na Rodésia.
Experimentou a música, escultura, pintura. Foi designer gráfico. Diz poesia e trabalha regularmente como ator e encenador. Leciona expressão dramática. É autor de projetos e ateliês de promoção do livro e da leitura.
Publicou O Caderno de Algoz (Caminho, 2009), Um Piano para Cavalos Altos(Caminho e Leya Brasil, 2012). Foi um dos onze escritores da novela policial O Caso do Cadáver Esquisito (Associação Cultural Prado, 2011) e autor de um dos contos da coletânea Dez Contos para Ler Sentado (Caminho, 2012). Em 2012 foi considerado um dos escritores para o futuro pelo semanário Expresso.

Alguns links interessantes sobre A SUA OBRA:
- A crítica à obra por José Mário Silva, um dos maiores críticos literários nacionais e colunista da revista Atual do Expresso e da revista LER do Círculo dos Leitores http://bibliotecariodebabel.com/tag/sandro-william-junqueira/
- um texto sobre a forma ou o motivo pelo qual o escritor conheceu mais quatro escritores: Patrícia Portela, Nuno Camarneiro, João Ricardo Reis e Patrcia Reis 
http://vaocombate.blogs.sapo.pt/sandro-william-junqueira-585202 - 

Para qualquer esclarecimento ou sugestão não deixe de nos contactar para biblioteca@cm-silves.pt ou directamente para a coordenadora da Rede Concelhia de Clubes de Leitura, através do mail sonia.pereira@cm-silves.pt

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Sessões de Setembro dedicadas a “Mal Nascer” de Carlos Campaniço

A RENTRÉE LITERÁRIA da Rede Concelhia de Clubes de Leitura de Silves, já na próxima semana (dia 23 - Clube de Leitura da BMS - e dia 30 - Clube de Leitura da Biblioteca da Casa do Povo de Alcantarilha, Pêra e Armação de Pêra -), ACONTECE COM CARLOS CAMPANIÇO, uma das novas vozes da literatura contemporânea, E A OBRA “MAL NASCER”.

Carlos Campaniço nasceu em 1973 em Safara, no concelho de Moura, e embora viva no Algarve há muitos anos – onde exerce as funções de Director de Programação do Auditório Municipal de Olhão –, foi sempre o Alentejo, o mundo rural e a poesia das palavras alentejanas que o inspiraram.

É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses, pela Universidade do Algarve, onde adquiriu também o grau de Mestre em Culturas Árabe e Islâmica e o Mediterrâneo
É autor dos livros: Molinos, Da Serra de Tavira ao Rif Marroquino, Analogias e Mitos, A Ilha das Duas Primaveras e ainda Os Demónios de Álvaro Cobra, que venceu em 2012 o Prémio Literário Cidade de Almada e foi editado em 2013 por Maria do Rosário Pedreira na Teorema. O seu último romance, Mal Nascer, foi finalista do Prémio LeYa em 2013.

Poderá ler a sinopse da obra que descobriremos em Setembro em http://www.leyaonline.com/pt/livros/romance/mal-nascer/

No dia 22 de Novembro conheceremos este escritor, bem como Sandro William Junqueira (cuja obra "No céu não há limões” leremos em Out.), aqui na sua Biblioteca numa sessão informal em que cada um falará do outro. Fique atento!




quarta-feira, 25 de junho de 2014

A última e próximas sessões dedicadas aos laureados com o Nobel

Na nossa segunda sessão dedicada à fruição das obras-primas dos prémios Nobel, realizada em Estômbar, o cenário colorido e as discussões e leituras foram enriquecidos pelos ecepipes, sobremesas e fruta da época levados pelos membros, pelo que agradecemos muitíssimo a todos este momento soberbo!

Para (re)visitar algumas das obras em destaque e ler alguns excertos e exercícios de escrita criativa a partir deles, aceda aqui

Em Julho terminaremos este ciclo dedicado aos autores premiados com o Nobel, pelo que escolha bem o que lerá até lá, já que quase todos os títulos desta plêiade de escritores são pérolas sem as quais nos sabemos e sentimos, por vezes, quase amputados…


No dia 2 de Julho, a nossa reunião realizar-se-á na casa da Vilma, pelo que lhe agradecemos desde já o seu acolhimento, que já sabemos ser sempre caloroso e, nas suas próprias palavras, “bem gostoso” também! Sabemos, inclusive, que algumas compotas caseiras já foram feitas…e que gelados de sabores improváveis se provarão também neste dia!

Aconselha-se a levar bikini, porque experimentaremos e provaremos, mais uma vez, que literatura também rima com momentos mais descontraídos, já que nela cabe o mundo, desconfiando até que ela é mais bem sentida e entendida desta forma colada à pele, aos sentidos e à vida plena!










segunda-feira, 9 de junho de 2014

Leituras nas Fontes de Estômbar no dia 11 de Junho às 17h30


Eis o sítio aprazível que nos espera…







A próxima sessão do Clube de Leitura da BMSilves é já na próxima quarta-feira, dia 11 de Junho, pelas 17h30, no Sítio das Fontes de Estômbar e é aberta ao público em geral, conforme é habitual.

Com a chegada do Verão, para muitos as leituras sabem melhor ao ar livre, por isso se precisar de boleia venha ter à Biblioteca Municipal às 17h00, ou vá lá ter directamente às 17h30, mas não deixe de ir, experimentar as águas do Arade, lanchar (cada um leva o que lhe apetecer e depois degustamos um pouco de tudo) e “saborear” também os livros de autores premiados com o Nobel. 

Reiteramos também a ideia de que se for a sua primeira vez e não tiver lido qualquer obra não deixe de se juntar ao grupo, pois ao ouvir as histórias, crónicas, contos ou ensaios que temos para partilhar de certeza que sai da sessão com “o bicho do conto” ou da literatura e verá que em pouco tempo já terá também o que partilhar se assim o desejar.

Em termos histórico-literários, o bucolismo tem sido muito glosado (aliás, a nossa literatura – a poesia galaico-portuguesa – nasce com a Natureza como espelho e confidente da “amiga” que ama e cenário do encontro amoroso) e se a poesia sempre a cantou, a prosa de Eça de Queirós talvez tenha sido a que mais a elevou, descrevendo os seus benefícios no Homem. Tolstoi decide retirar-se para uma herdade rural no final da sua vida e o poeta romântico Wordsworth passou lá toda a vida, por exemplo, conhecendo-se melhor a si mesmo e aos Homens.

Eis alguns poemas de Wordsworth...

Há na nossa existência lugares do tempo,
Que preservam em clara permanência
Uma virtude que renova …
Que nos penetra e faz subir mais alto
Quando é alto que estamos, e caídos nos levanta.

                    frente ao espírito embriagado
pelos objectos presentes, e a agitada
dança de quanto passa, a imagem sóbria
das coisas que perduram

… [a Natureza] pode assim dar forma
Ao nosso espírito íntimo, imprimir
Em nós beleza e paz, levar tão alto
O pensamento, que nem línguas más,
Nem juízos vãos, nem esgares dos egoístas,
Nem suas frias saudações, como nem todo
O pesado comércio do dia-a-dia,
Contra nós poderão prevalecer,
Ou contra a fé que temos nessa bênção
A que em tudo nos fiamos


Se, no meio do mundo, me contento
Com meus sóbrios prazeres, e se vivo
                                              … distante
Da inimizade baixa e vis desejos,
A vós o devo…
Ventos e cataratas ressoantes,
E a vós, montanhas, que há na Natureza!

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Clube de Leitura na Semana Cultural da Casa do Povo de Alcantarilha, Pêra e Armação de Pêra

É já amanhã que o Clube de Leitura de Alcantarilha, Pêra e Armação de Pêra se reunirá, desta feita inserido na artística e diversificada Semana Cultural da Casa do Povo. 

Veja o programa do evento na imagem abaixo e passe, pelo menos, um serão diferente à volta dos livros de autores premiados com o Nobel e das mil e uma conversas que as grandes histórias sempre convocam, alimentam e inspiram!






sábado, 24 de maio de 2014

Textos e frutos da 1ª. sessão dos dois Clubes sobre os autores premiados com o Nobel


Agradecemos imenso aos membros dos Clubes que nos enviaram os seus textos mais uma vez.

Relembramos àqueles que ainda nos enviaram nenhum que este pode ter a extensão de 5 linhas ou 5 páginas, que pode ser a sua opinião sobre a obra que leram, a selecção de alguns excertos ou de, simplesmente, um parágrafo que consideraram particularmente interessante.

O intuito desta produção textual é apenas constituir um diário de leituras a que possamos aceder em qualquer época e espaço e divulgar digitalmente as nossas leituras junto de cidadãos que, por qualquer razão, se vejam impedidos de participar presencialmente nas nossas sessões.

Aproveitamos ainda para relembrar que fez o ano passado 15 anos que José Saramago recebeu o Prémio Nobel, razão pela qual homenageamos o autor e os Portugueses com esta imagem que aqui apresentamos.

Leia os comentários às obras lidas na primeira sessão dos dois Clubes aqui

quinta-feira, 22 de maio de 2014

O Clube de Leitura nos versos de Manuel das Bicicletas

Será que os leitores ficam com a memória mais viva? Ou aprendem naturalmente a fazer uma selecção dos seus momentos mais felizes e inspiradores de leitura e vida em grupo? E como funciona a sua imaginação e sentido melódico que forja rimas perfeitas? Tratar-se-á simplesmente de uma vocação natural para a poesia popular ou de um misto de tudo o que já referimos?

Seja qual for a resposta a estas questões, justíssimo é o reconhecimento unânime entre os leitores do poeta algarvio António Aleixo e expoente máximo deste género na literatura portuguesa, que inspirou este nosso amigo e leitor Manuel Caetano (do Clube de Leitura de Alcantarilha, Pêra e Armação de Pêra).
A ele, que redigiu estes versos para o II Encontro da Rede Concelhia de Clubes de Leitura, e que agora nos presenteia com a sua escrita o nosso MUITO OBRIGADA e o desejo de que continue a surpreender-nos!

Foi um começo meio a sério
Sem definição de idades
E o nosso grupo de leitura
É uma das realidades

Quem sempre acreditou
Que a leitura é como a vida
E às sessões nunca faltou
Fez disso uma vida querida

Devia haver em toda a terra
Um clube de leitura
Gratidão nunca encerra
É sempre uma lição de futura

Ao ler uma luz se acende
E ouvir os outros dá saudade
Quanto mais lê mais aprende
E entre os leitores nasce amizade

Tratem o livro com amor
Todo nele é uma lição
Mostremos o seu valor
Que nos afaga o coração

O livro nunca é velho
O livro é sempre novo
Visitem a Biblioteca
Na nossa Casa do Povo

Decerto que vai gostar
E à leitura dará valor
Traga um amigo consigo
Que será um novo leitor

Manuel Caetano (mais conhecido como Manuel das Bicicletas)

quarta-feira, 7 de maio de 2014

1ª. sessão dedicada aos autores premiados com o Prémio Nobel


Com um grupo mais alargado formado por elementos novos (o Luís Ramos e a Sara Boto, alunos da Escola de Silves e vencedores da fase de apuramento distrital do Concurso Nacional de Leitura), outros que não se estrearam no Clube, mas que residem agora mais perto e outros, ainda, que passarão mais tempo em Silves doravante, a sessão de ontem foi ainda mais rica do que o habitual.

Estes foram alguns livros de que falámos e sobre os quais aguardamos alguns excertos e/ou breves comentários dos membros do Clube:

- Istambul de Orhan Pamuk, lido pela Jacqueline Vangoidsenhoven;
- A aventura de Miguel Littin, clandestino no Chile de Gabriel García Márquez, lido pela Vilma Ferian;
- O último verão de Klingsor de Herman Hesse, lido pela Paula Torres;
- conto “Aquele que queria mudar o mundo” da obra Contos de Herman Hesse, lido pela Esmeralda Lopes;
- Cem sonetos de amor e uma canção desesperada de Pablo Neruda (“Se me esqueceres”, etc.), lido pela Ana Paula;
- O diabo e o bom deus de Jean-Paul Sartre, lido pela Lúcia Cabrita; 
- Caim de José Saramago lido pelo Luís Ramos, Sara Boto e Sónia Pereira;
- Clarabóia de José Saramago, lido pela Dina Peres;
- Os poemas possíveis de José Saramago, lido pelo José Paulo;
- Desgraça e Verão de J. M. Coetzee, lido pela Lúcia Mendonça.

Eis também algumas fotos:






sábado, 26 de abril de 2014

Ciclo de leituras de autores premiados com o Nobel


“É a hora!” é, talvez, o verso mais conhecido da Mensagem de Fernando Pessoa, incitando Portugal a desviar-se do seu rumo de devaneios e sonhos infundados e a cumprir a sua vocação universal, mas é também a expressão de alegria que a maior parte dos leitores não conseguiu conter ao saber que este era o ciclo que se seguia.

E isto porque esta rota de leituras, além de dotar o leitor da liberdade para viajar no tempo e no espaço e ao sabor de vários temas, conforme já é apanágio de outras sessões também, garante-nos a leitura de autores de primeiríssima água e títulos que “chamam por nós” desde há algum tempo e dos quais, por qualquer razão, a vida não nos tem aproximado…

Consulte a lista de livros disponíveis na sua Biblioteca Municipal aqui ou leia qualquer outra obra de um autor premiado com o Nobel que tenha em casa, adquira ou possa pedir emprestado a um amigo.

Boas leituras!

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Resumo do II Encontro da Rede Concelhia de Clubes de Leitura

Apesar de pouquíssimos dias antes do Encontro, o nosso contador de histórias convidado Luís Carmelo nos ter dado a notícia de que, por imponderáveis profissionais e alheios à sua vontade, não poderia estar presente, a verdade é que não foi por acaso que os dois, imediatamente, nos lembrámos logo da contadora de histórias algarvia Patrícia Amaral, de nome artístico Tixa. Mais informações sobre o seu percurso pelo teatro, investigação e mundividência ligada à narração oral poderão ser lidas clicando nas imagens seguintes:



É impossível não agradecer a todos os que estiveram presentes, levaram amigos e que, sendo curiosos, saudavelmente inquietos e com um espírito de dádiva nos enriquecem e completam diariamente, tornando cada momento em grupo uma experiência de cultura tão mais humana, afectivamente saudável e inspiradora!

Um profundíssimo obrigada ainda àqueles que:
- se voluntariaram para afixar cartazes (Zé Paulo e Cristina Féria);
- confeccionaram doces e salgados (todos, mas sobretudo Paula Torres e Ana Paula);
- à Lúcia Mendonça, que recebeu o desafio de homenagear um dos seus grandes autores prontamente e fez, portanto, um trabalho de verdadeira arqueologia literária em torno da obra de Tolstoi (além de ter feito, ainda, muito de tudo o que atrás referi);
-  ao Francisco Leal por ter treinado uma música em menos de 7 dias (a quem é que eu poderia pedir isto senão a este rapaz?);
- e ao casal Manuela e Luciano pela inesperada e literalmente deliciosa surpresa e oferta de um bolo em forma de livro (possível de folhear, imaginem….) à Rede Concelhia de Clubes de Leitura.

Eis algumas fotos do Encontro e textos lidos:





E a inestimável explicação de Lúcia Mendonça, leitora e autora da exposição “Tolstoi: sementes”, sobre a origem/situação vivida desencadeadora desta exposição, o seu fio condutor, além de outros segredos e revelações de quem também muito vive e ama…


                            Lido por Paula Torres de Manoel de Barros



A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.

Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

Lido por Ana Paula de Manoel de Barros



"Distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele. Eu conversava bobagens profundas com os sapos, com as águas e com as árvores. Meu avô abastexcia a solidão. A natureza avançava nas minhas palavras tipo assim: O dia está frondoso em borboletas. No amanhecer o sol põe glórias no meu olho. O cinzento da tarde me empobrece. E o rio encosta as margens na minha voz. Essa fusão com a natureza tirava de mim a liberdade de pensar. Eu queria que as garças me sonhassem. Eu queria que as palavras me gorjeassem. Então comecei a fazer desenhos verbais de imagens. Me dei bem (...). Acho-os como os impossíveis verossímeis de nosso mestre Artistóteles. Dou quatro exemplos: 1) É nos loucos que grassam luarais; 2) Eu queria crescer pra passarinho; 3) Sapo é um pedaço de chão que pula; 4) Poesia é a infância da língua. Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada tenho profundidades"

Lido e escrito por José Paulo 



O LIVRO LÊ-SE

A LEITURA DO LIVRO
NÃO ESTÁ NO TWITTER
NEM NO YOU TUBE
NO MURAL PINTADO
OU FACE SEM BOOK
DE PAPEL D'IMPRENSA

A LEITURA DESTE
QUE SE AGLOMERA
GENTE QUE LÊ
LENDO-SE EM SI
LENDO OS OUTROS
POR ESCRITOS...

AQUELAS PALAVRAS
QUE GRAVADAS
EM FECHADO VOLUME
ABERTO E LIDO
ABRE NOVOS MUNDOS
NO NOSSO MUNDO

FEITO DE CARACTERES
QUE PODEM SER
OCEANOS, TERRAS
OUTROS QUE ESTÃO
OUTROS QUE FORAM
O CHEIRO DUMA FLOR

QUE SE EXALA
EM FOLHAS DE LETRAS
CAMPOS PERCORRIDOS
EM LINHAS ESCULPIDAS
ESSÊNCIAS DESCRITAS
SULCADAS POR APARO

QUAL ARADO
RASGA A MENTE
QUAL TINTA
SEMEIA O PENSAMENTO
IDEIAS SÃO PODADAS
OUTRAS NASCEM


O LIVRO
APENAS SE LÊ
A FOLHA
SOLTA OU NÃO
É LIVRE
QUANDO MARCADA
… NOS MARCA
DEIXANDO SINAIS
À NOSSA LIBERTAÇÃO

O LIVRO
APENAS SE LÊ
MAS QUEM LÊ
TEM MAIS
APENAS E SÓ
PORQUE LÊ

AFINAL
TÃO FÁCIL
PARA SE TER
UM POUCO MAIS
BASTA O LIVRO...
LER.

Lido também pelo José Paulo 

É TÃO FÁCIL AQUECER UM CORAÇÃO.

Juan trabalhava numa fábrica de distribuição de carne. Um dia, quando terminou o seu horário de trabalho, foi a um dos frigoríficos para inspecionar algo, mas num momento de azar a porta fechou-se e ele ficou trancado lá dentro.
Ainda que tenha gritado e batido na porta com todas as suas forças, jamais poderiam ouvi-lo. A maioria dos trabalhadores já tinha ido embora, e no exterior da arca frigor...ífica era impossível ouvir o que estava acontecendo lá dentro.
Cinco horas mais tarde, quando Juan já se encontrava à beira da morte, alguém abriu a porta. Era o segurança da fábrica, que salvou a vida de Juan.
Juan perguntou ao segurança como foi possível ele passar e abrir a porta, se isso não fazia parte da sua rotina de trabalho, e ele explicou:
“Eu trabalho nesta fábrica há 35 anos, centenas de trabalhadores entram e saem a cada dia, mas você é um dos poucos que me cumprimenta pela manhã e se despede de mim à noite. Muitos me tratam como se eu fosse invisível. Hoje, como todos os dias, você me disse seu simples ‘olá’ na entrada, mas hoje curiosamente, não tinha ouvido o seu ‘até amanhã’. Espero o seu ‘olá’ e ‘até amanhã’ todos os dias. Para você eu sou alguém. Ao não ouvir a sua despedida, eu sabia que algo tinha acontecido… Procurei e encontrei!”
Fica esta reflexão: sejam humildes e amem o próximo. A vida é curta demais e temos um impacto que não conseguimos sequer imaginar sobre as pessoas com as quais cruzamos todos os dias.
A origem da história é desconhecida, mas o ensinamento deve aquecer a todos os corações.

Lidos por Sónia Pereira

A POESIA de Ferreira Gullar

Onde está
a poesia? Indaga-se
por toda parte. E a poesia
vai à esquina comprar jornal.

Cientistas esquartejam Puchkin e Baudelaire.
Exegetas desmontam a máquina da linguagem.
A poesia ri.

Baixa-se uma portaria: é proibido
misturar o poema com Ipanema.
O poeta depõe no inquérito:
Meu poema é puro, flor
Sem haste, juro!

Não tem passado nem futuro.
Não sabe a fel nem sabe a mel:
É de papel.

Não é como a açucena
Que efêmera
Passa.
E não está sujeito a traça
Pois tem a proteção do inseticida.
Creia,
O meu poema está infenso à vida.

Claro, a vida é suja, a vida é dura.
E sobretudo insegura:
.........“Suspeito de atividades subversivas foi detido ontem
.........o poeta Casimiro de Abreu.”
.........“A Fábrica de Fiação Camboa abriu falência e deixou
.........sem emprego uma centena de operários.”
...... ..“A adúltera Rosa Gonçalves, depondo na 3ª Vara de Família,
...... ...afirmou descaradamente: ‘Traí ele, sim. O amor acaba, seu juiz.’”

O anel que tu me deste
era vidro e se quebrou
o amor que tu me tinhas
era pouco e se acabou

Era pouco? era muito?
........Era uma fome azul e navalha
........uma vertigem de cabelos dentes
........cheiros que traspassam o metal
........e me impedem de viver ainda
Era pouco? Era louco,
........................................um mergulho
no fundo de tua seda aberta em flor embaixo
.............................................................onde eu morria

Branca e verde
branca e verde
branca branca branca branca
......................................E agora
recostada no divã da sala
..........depois de tudo
..........a poesia ri de mim

Ih, é preciso arrumar a casa
que André vai chegar
É preciso preparar o jantar
É preciso ir buscar o menino no colégio
lavar a roupa limpar a vidraça
............................................O amor
(era muito? era pouco?
era calmo? era louco?)
.............................................passa
A infância
passa
a ambulância
passa
..............Só não passa, Ingrácia,
..............A tua grácia!
E pensar que nunca mais a terei
real e efêmera (na penumbra da tarde)
como a primavera.
...............E pensar
que ela também vai se juntar
ao esqueleto das noites estreladas
..............e dos perfumes
..............que dentro de mim gravitam
..............feito pó
(e um dia, claro,
ao acender um cigarro
talvez se deflagre com o fogo do fósforo
seu sorriso
entre meus dedos. E só).
Poesia – deter a vida com palavras?
Não – libertá-la,
fazê-la voz e fogo em nossa voz. Po-
esia – falar
o dia
acendê-lo do pó
abri-lo
como carne em cada sílaba, de-
flagrá-lo
como bala em cada não
como arma em cada mão

E súbito da calçada sobe
e explode
junto ao meu rosto o pás-
saro? O pás
?
Como chamá-lo? Pombo? Bomba? Prombo? Como?
Ele
bicava o chão há pouco
era um pombo mas
súbito explode
em ajas brulhos zules bulha zalas
e foge!
como chamá-lo? Pombo? Não:
poesia
paixão
revolução

Lido também por Sónia Pereira

Hábitos de Nuno Júdice

Durante gerações, acreditaram na vinda do Messias; depois deixaram de acreditar quando souberam que o Messias já tinha vindo.
Durante gerações rezaram para que chovesse; depois deixavam de rezar quando a chuva começava a cair.
Durante gerações pediram que o raio não lhes fulminasse as casas; depois, deixaram de pedir quando se inventou o pára-raios.
Durante gerações isto e aquilo, e isto ou aquilo acontecia ou não consoante era isto ou aquilo.
Só, durante gerações, a Branca de Neve continuou branca como a neve; a menina do Capuchinho Vermelho nunca pôs um capuchinho azul nem cor-de-rosa; e a Bela Adormecida não acordou para contar os sonhos que teve ou não teve.

Lido por Ana Maia de Florbela Espanca


Eu ...

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

Dito por Jacqueline Vangoid

(Infelizmente a fotografia da nossa Jacqueline ficou tão escura que não está apresentável. Mil desculpas, minha querida…)

Tive o grande prazer de ver, no teatro A Barraca "O FASCISMO DOS BONS HOMENS", inspirado do livro de Valter Hugo Mãe : A MÁQUINA DE FAZER ESPANHÓIS. Esta obra escrita com todo o pudor, respeito e lucidez, descreve o drama de quem entra no lar, do seu sentimento de destruição, de ausência física e moral na família, na sociedade. O autor apresenta a questão da velhice, da sua ternura, da sua tragédia, do seu sentimento de inutilidade num estilo delicado e sincero. Uma obra a ler e muito pensar depois desta leitura.

Lido por Luís Ricardo de António Pereira


ARMAÇÃO, ESSA DAS RUAS PRA O MAR

Eu sou de Armação de Pêra,
Essa das ruas para o mar
Como quem vai embarcar...
Das ruas que vêm da praia
Como quem volta do mar...

Lá [aqui] em Armação de Pêra
Pode não me esperar ninguém,
Nem avós, nem pai nem mãe,
Mas o mar sempre me espera
Ao fundo da minha rua,
Daquela rua onde moro
Lá [aqui] em Armação de Pêra.

Lido por Ricardo Ramos de Lao- Tsé

 (Infelizmente, e como o Ricardo só nos leu um pequenino excerto deste texto, a nossa fotógrafa de serviço não conseguiu “apanhá-lo”. Mil desculpas, meu querido….)


CULTURA GENUÍNA

Quem anda direito não deixa rastro,
Quem fala bem não diz desacertos.
Quem calcula bem não usa lembretes.
Quem fecha bem dispensa fechaduras e ferrolhos,
E contudo ninguém o pode abrir.
Quem amarra bem não usa corda nem barbante,
E contudo ninguém pode desatar.

Assim o sábio, em sua madureza,
Sabe sempre ajudar os homens.
Para ele, ninguém está perdido.
Sabe aperfeiçoar tudo que existe,
E não vê mal em ser algum.
É este o duplo segredo
De toda a realização do homem;

O homem pleni-realizado
Ajuda sempre ao menos realizado.
O homem mais culto
Ajuda sempre ao menos culto.

Pelo que, ó homem, trata com reverência
Ao homem mais maduro que tu.
E envolve em sincero amor
Aquele que necessita de ti.

Quem não age assim
Ignora a cultura genuína.
Vai nisto um grande segredo.

A Isabel Costa não leu este texto de Virgílio Ferreira na sessão, mas enviou-nos por mail 

Do livro "pensar" de VIRGÍLIO FERREIRA (1992), DO IMPENSÁVEL, ao final dos  677 "pensares", escolhi:

"Não se procura uma doutrina para acharmos a verdade nela, mas para acharmos nela a verdade que é nossa."

Lido por Ana Santorio de Sophia de Mello Breyner Andresen



Muito antes do chalet
Antes do prédio
Antes mesmo da antiga
Casa bela e grave
Antes de solares palácios e castelos
No princípio
A casa foi sagrada –
Isto é habitada
Não só por homens e por vivos
Mas também pelos mortos e por deuses

Isso depois foi saqueado
Tudo foi reordenado e dividido
Caminhamos no trilho
De elaboradas percas

Porém a poesia permanece
Como se a divisão no tivesse acontecido
Permanece mesmo muito depois de varrido
O sussurro de tílias junto à casa de infância


E não é que ao ritual já habitual de os Clubes combinarem os prazeres da alma com os do corpo com a degustação de umas belas iguarias, desta feita estes prazeres uniram-se sob a forma de um bolo em forma de livro, provando que com a imaginação tudo pode acontecer, mas que com gente leitora os sonhos tornam-se muito mais reais …